quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Textos prontos.



Amanhã tem mais pessoal!

ASSUNTO DO COTIDIANO: "Nossa, como você engordou!"

Duas amigas que nao se viam há muito tempo, se esbarram no metrô e uma começa o diálogo:


- Nossa amiga, quanto tempo, o que você tem feito menina?
- Ai amiga, to namorando e trabalhando bastante!
- Nossa, mas você engordou hein!
- Amiga ou melhor, Sua vagabunda por que voce não vai tomar no meio do seu *ú, sua invejosa do cara***, vai dar a bunda na esquina sua vaca filha de uma *uta.


Essa seria a resposta perfeita né? Mas não, você dá um sorriso amarelo e diz "É eu sei, to com uns problemas mas vou começar a academia."Aí você vai embora triste, com ódio da amiga e de você mesma inclusive do seu peso, chega em casa e se empanturra de chocolate.


Gente, esse diálogo aí em cima eu presenciei no metrô mesmo, ele é verídico...nessa época eu nem gorda tava e minha vontade era de voar no pescoço da amiga vaca sem noção. Fiquei imaginando o estrago que ela fez na cabeçinha da menina que deve ter engordado uns quilos.


Gente, as únicas pessoas que gostam de engordar é quem veste manequim menor que 36...então por favor, nao cometam essa gafe! E se uma amiga dizer "Ai eu engordei tanto", a resposta certa é "Magina, você está ótima!".




Vou contar algo que aconteceu comigo...a protagonista foi minha avó. Foi no pior momento possível! Foi assim...


Na minha gravidez, eu atingi 110 kilos. Sim, eu estava um balão, mas meu mecanismo de defesa era que eu estava grávida...mas no fundinho, eu sabia que eu tava gigante. No dia do meu chá de bebê, eu estava super feliz, fiz meu chá no dia do meu aniversário de 24 anos, usei a tática de usar vestido, pois assim ninguém pediria pra ver minha barriga cheia de estrias, enfim...eu estava sendo muito bajulada por todos.


Na hora de se despedir das pessoas, agradecer a presença tal... véio, te juro... a minha vó que não tenho tanto contato assim que é louca pra dar fora, pra você ter idéia ela me chama de Luciana, Juliana, menos de Fabiana....ja veio, com um olhar prestes a jogar uma bomba...no que eu dei uma abraço nela de tchau, ela ja emendou :


- Nossa filha, to com tanta dó de você, você tá tão gorda.


Eu não aguentei e retruquei:


- Vó, por que a senhora não cala sua boca? - e emendei uma risada de descontração.


Po, eu sei que é velho, sei que velho fala coisa sem noção, é bem coisa de vó ser sincera mesmo, mas mano, ela era uma vó que nem afeto tinha por mim e nem eu por ela, uma vó que nem sabe o dia do meu aniversário, uma vó que nao acerta nem meu nome e vem encher o meu saco e dizer que eu to gorda no dia do meu chá de bebe niver??? Ahhhh vsf vsf vsf...nesse caso, não respeitei os idosos mesmo. Mas eu te digo uma coisa, depois dessa, a véia nunca mais errou meu nome...agora me trata com muito mais zêlo eu diria. 


Eu espero ser uma véia com noção. Mal ae vó, mas a senhora mexeu no meu ponto fraco.









Excesso de Vaidade

- Mãe, você cozinhou esse frango como?
- Mãe, nao faz janta por favor!
- Mãe, não vou comer porque tem óleo demais nessa carne.
- Mãe, compra tudo light por favor?


Eu tinha apenas 16 anos...e isso era o mínimo que eu exigia. Eu achava doces um veneno, eu achava arroz uma agressão ao meu corpo, eu achava que feijão estufava minha barriga, enfim...eu era chata e psicótica pra carai.


Confesso, essa fase foi o auge da minha forma física...eu só comia coisas integrais, frutas, legumes, verduras e tudo em pouca quantidade. Eu sempre amei comer, só que nessa época, a comida não me fazia falta, eu não tinha ansiedade porém eu também nao me amava. Eu nunca estava satisfeita...minha coxa nao podia balançar e balançava, minha barriga tinha que trincar e não trincava, eu odiava meu rosto redondo, por que raio ele nao era fino? Eu perdi peso e perdi bunda também, nao tinha peso na musculação que fazia minha bunda aumentar. Era uma eterna crise e assim começava uma grande guerra psicológica comigo mesma. Eu sabia que era bonita, gostosa e chamava atenção. Mas eu não estava satisfeita, queria perfeição!


Minha rotina aos 16/17 anos era ir pra escola/faculdade...voltar, almoçar dormir até o horário de Malhação, chegar as 18 hrs na academia e só sair de lá quando ela fechasse (as 22 horas), na minha fase mais tranquila eu malhava nesse ritmo frenético cerca de 4 dias por semana, mas com o passar das cobranças, isso foi aumentando pra 6 ou 7 dias da semana malhando pra caramba. 


Não lembro como tudo começou, mas sei que começou com esse excesso de vaidade e exigência comigo mesma, desenvolvi uma sequela psicológica, nao é nem sequela, é conseqüência né...bom, desenvolvi BULIMIA. Mas a minha bulimia, não era essa bulimia de se empanturrar de comida e depois vomitar...a minha bulimia era de comer uma banana e vomitar essa uma banana. No começo, eu vomitava pouco...mas a culpa foi se tornando tão forte que quando me deparei, eu estava vomitando depois de todas as refeições.


Lembro como se fosse hoje, uma sexta feira, eu no auge do meu treino de perna na academia e uma amiga minha me aparece na recepção...na hora eu pense "Whata fuck?", bem, fui lá e ela estava toda feliz e me disse "Vai Fabis, pega suas coisas e vamos no Açaí"...gente voces sabem quantas calorias tem um açaí? Fora que ela invadiu minha privacidade, meu momento, meu vício e queria me forçar a comer um açaí? Ela só podia estar brincando comigo...mas não, ela me tirou a força da academia.


Fomos no açaí...comi aquela porcaria deliciosa, conversamos e enquanto conversávamos eu sentia todo o açaí acumulando no meinho da minha coxa ou nos pneuzinhos laterais da pança...mas só eu sei que eu não escutei bulhufas do que ela dizia, só pensava se quando eu chegasse em casa, se eu ía conseguir vomitar aquele açaí inteiro. Foi dito e feito, cheguei em casa e vomitei o açaí...enquanto não vinha aquele gosto amargo, eu não parava de enfiar o dedo na guela...as vezes, precisava ver o amarelinho (chama biling né?) na privada pra ficar feliz.


Os vômitos foram ficando frequentes, quando saia de domingo pra almoçar fora com meus pais cheguei a vomitar nos restaurantes mesmo logo depois de comer, ligava o chuveiro e vomitava no banho pra ninguém escutar, vomitava na casa de amigos. Enfim, existe quele termo "Eu cago em qualquer lugar", no meu caso era, "Eu chamo o hugo em qualquer lugar".


Eu percebi que quando era chata com comida em relação a frituras e codimentos, eu era chata mas não vomitava quase nada. Percebi que conforme eu peguei o hábito de vomitar, eu comecei a voltar a comer porcarias, voltei a comer pães, doces e massas...não negava mais nada, nem rodizio de pizza...mas comecei a fazer isso, por que depois sabia que eu ía vomitar mesmo, então não engordaria. 


Isso durou cerca de 3 anos...e só eu sei a Gastrite que eu desenvolvi. Inclusive, sofro com ela até hoje. 









Baladinhas - 10 anos atrás.

Ahhhh,só quem conviveu comigo sabe o que eu vivi, tudo tinha muita emoção naquela época! Como as musicas eram boas! Diga-se de passagem tenho quase todas baixadas aqui no meu computador...nos meus momentos de nostalgia, eu escuto e sinto o cheiro daquela época!

Quando eu saia de matinê, ou seja, na época que eu era balofinha, eu conseguia curtir mesmo ficando forever alone na pista, pq eu amava as músicas!!! Nossa, aquela época do DJ Ronaldinho na Kripton era puro extase!

Quando eu tinha apenas 15 aninhos, eu já tinha meu RG falsificadinho hehe. Eu sempre fui uma das mais novas das minha amigas, enquantos todas estavam pra fazer 17 anos eu estava nos 15...na Kripton, de sábado com 16 anos já podia entrar, naquela época até bebida alcoolica vendia-se pra menores, mas como todas ja tinham 16 pra 17 anos, eu tinha que aprensentar meu RG falso de 18 pra entrar.  Nessa, eu e minha amiga Natália vimos vantagem. A Nati começou a fazer RG falso de todos os meses do ano, juro! De Dezembro a Janeiro ela fazia aniversário todo mês haha, com isso conseguíamos entrar em todas as baladas (inclusive nas que era preciso ter mais de 18 anos) e não pagávamos nádegas! O esquema era mandar lista de anivérsário com nomes de desconhecidos, mas a aniversariante era sempre ela e eu a acompanhante que tinha direito a VIP 00.

Na última vez que saí de domingo pra matinê, eu sentia que algo ía acontecer...e aconteceu...ah e eu ainda era balofinha. Sim...meu primeiro beijo aconteceu....romântico? Que mané primeiro beijo romântico rapá, enquanto minhas amigas estavam perdendo a virgindade, vc acha que eu estava preocupada em ter um primeiro beijo especial com alguem especial? Cara, eu tava absurdamente desesperada pra deixar de ser BV! Na escola quando chegava aqueles cadernos de perguntas e respostas com a seguinte pergunta " Voce é BV?" afff me dava calafrios! Claro que eu sempre menti né, sempre escrevia que já tinha beijado...mas com 15 anos eu nunca tinha beijado ninguem, só beijava o poster do Márcio Garcia que eu tinha dentro da minha porta do armário. Pois bem, e o primeiro beijo aconteceu assim, sem ninguem especial, sem ninguém com nome (nem quis perguntar pra nao perder tempo) e sem emoção nenhuma. Foi lá na Kripton mesmo, só lembro que o rapaz tava de boné vermelho, ele se enfiou na minha frente e eu já NHOC na boca dele! Queria nem saber se tinha dentes, beijei mermo e quando terminei saí correndo pro banheiro e comecei a rir sozinha me olhando no espelho, tipo "Manooo, não sou mais BV!!! Yessss!!!" Mas confesso, achei meio nojentinho aquele lance de língua e baba...e sabe quanto tempo depois fui beijar denovo? 1 ano depois...

Quando comecei a sair de sábado, tudo mudou, meu corpo mudou, mas minha essência era a mesma. Depois que emagreci minha mãe começou a comprar roupas novas pra mim, não comprava mais camisetas do Mickey e shorts de cotton, agora eu usava calça social ou saia de secretária e blusinhas! (Bem diferente da moda de hoje). Eu sempre saia com as minhas amigas do prédio, a gente amava sair! Depois fui começar a sair com a Re e com a Nati, as vezes a gente saia de caravana, era muito divertido.

Quando comecei a sair de sábado, estava mais magra e sim, a magreza me fez ser piriguete. Lembro-me como se fosse hoje, a primeira vez que fui de sábado, gente que sucesso foi aquele? Os homens me olhavam (até pra minha bunda!), mexiam no meu cabelo, vinham conversar comigo, tentavam agarrar logo de cara...e o que eu fazia? Eu catava todos! Passava o rodo mermo...podia ser feio, bonito, gordo, magro...eu tava pegando...gente, eu ainda nao tinha auto-estima né...não podia exigir muita coisa, então fia...caiu na rede é peixe le le a, o que o que, a Fabi vai golear. Nossa, quando eu saia da balada no zero x zero, era tipo um termômetro da minha sensualidade, se eu nao beijava ninguem na night a balada tinha sido péssima rs.

Com o passar do tempo, depois que entrei na academia, virei linda e gostosa eu comecei a me sentir bonita, mas bonita mesmo. Eu me achava tanto, que eu ía pra balada e já chegava com pose de intocável...minha fama não era mais de piriguete e sim de "eu escolho quem eu vou pegar apenas com meu olhar" e assim foi, eu chegava, analisava, dançava e quem eu via de longe e me interessava eu lançava meu olhar 43 e sempre, SEMPRE o rapaz vinha e eu NHOC, beijava moito. Em uma fase eu sentia tão fodástica que eu só pegava loiros, podia aparecer o moreno mais gato e sensual na minha frente que eu dispensava, só queria loiros apenas(culpa do Nick Carter). Quando eu nao tinha auto estima, eu beijava vários e conseguia dançar a noite toda. Quando eu tava na minha fase de "eu me acho" os caras que ficavam comigo não largavam a noite toda e pediam telefone no final, e claro que eu sempre passava o tel da China In Box. Jamais eu passaria meu tel pra ficarem ligando em casa e chover perguntas do meu pai e da minha mãe, era vergonhoso demais isso, hoje os jovens tem sorte por que existe Facebook, SMS e celular. Naquela época, só tinha celular meu pai e pra trabalhar...e ninguem passava ICQ na balada, era muito nerd fazer isso.

Minha vaidade foi ficando cada vez mais crítica, eu era absurdamente chata pra comida, absurdamente viciada em exercícios físicos e meu cabelo era minha vida...a Nati lembra bem disso, na balada, meu canto era embaixo do ar condicionado, se eu saísse de lá, o cabelo inflava. Era engraçado quando a gente chegava e já tinha pessoas no "nosso" lugar né Nati? A gente começava a dançar meio que empurrando as pessoas de lá até conquistar nosso espaço haha...era demais.

Ahhh se eu pudesse voltar pelo menos um dia pra essa época...como passa rápido a adolescência...


Essa fase deixou sequelas na minha vida...conto no próximo post. Beijos!



sábado, 28 de julho de 2012

ASSUNTO DO COTIDIANO: REVISTA CARAS

Quer ficar deprimida e se sentir fora do padrão: Leia, aliás, não precisa nem ler! Bastar ver as fotos...


- Juliana Paes exibe curvas esculturais pós parto.
- Novo affair de Adriano abre seu apartamento (vai ter foto dela de biquini já se prepara)


Na Caras, até as véia são mais gostosas que você amiga!


Não adianta, nós mulheres vamos ver, procurar defeito, não achar e nas entrevistas só vamos focar na pergunta de praxe "Como você faz pra manter a boa forma?" Ahhhh somos todas iguais!!!


Sempre leio essas revistas em salão de cabeleireiro ou recepção de dentista, terapia e afins. Recuso-me a comprar! Masss...algumas folheadas é o suficiente pra você ver que você precisa fazer dieta já! Mas não, não é a Caras que vai fazer você tomar essa difícil atitude.


Achei engraçado dois episódios recentes que eu li...


No primeiro, é uma reportagem da Revista, perguntando pra Giovanna Antonelli se ela já tinha recuperado o peso de antes da gravidez (Mano ela teve gêmeos, revistinha cruel!) e ela simplesmente respondeu "Não me preocupo com peso, me preocupo com medidas." E LÁ NO FUNDO EU OUVI ALGUEM GRITANDO "MENTIRAAAA"...Hahaha q mulher não se preocupa com peso né... Giovanna Antonelli de fato estava se sentindo gorda. Toda mulher que se acha gorda nao revela peso. Ou diz "Não sei quanto eu peso pois não me peso"Ahh gente, todo mundo sabe o quanto pesa mesmo sem ver na balança, a gente no fundinho sabe mais ou menos a quanto a gente tá beirando 60 e poucos, 70 e poucos ou 80 e poucos (ou mais). Mas no fundo, achei aquela uma boa resposta se algum dia alguém perguntar o quanto eu peso rsrs.


Mas esse lance de medida é da hora de se pensar mesmo...eu por exemplo, há uns meses atrás (agora to mais gordinha) entrava em calças que eu entrava antes de ter filho, e relativamente estava com cerca de 7 kilos a mais...e tava entrando direitinho viu, ficando bem nela...


O segundo caso da CARAS que vi, foi um pouco do bordão "Ai como eu to maléfica e gorda"...a capa da revista está a Astrid, aquela ex-VJ da MTV, na capa tá ela de maiô no Beach Park toda feliz com o filho, e na capa mesmo tá escrito "Já estou com 46kg e visto manequim 36."Gente, me bateu um ódio dela...que exibida!!! Ela tem o dobro de idade que eu, teve filho, tá magrinha e eu aqui...lutando há quase 3 anos...grrrrrr...Mas foi equívoco total, primeiro o filho dela é adotivo, ela nem passou por uma luta de perder peso pós parto, mas ela passou por uma luta ferrada bem pior que essa, a luta contra um câncer que acabou com ela...gente ela tinha ficado pele e osso e tava feliz por estar se sentindo normal vestindo calça 36...em nenhum momento ela estava contando vantagem de tipo "Eu sou tiazona e gostosona"...afff que mal que eu me senti...desculpa ae Astrid!!! Inveja é uma mierda mesmo!!!


Bom, antes de reclamar de que estamos gordinhas, vamos ver nossa saúde né gente...eu nem posso reclamar, pois fiz mil exames e tá tudo dentro da zona boa. Como eu sou linguaruda. Perdão Astrid, de verdade! 











A Escola Estadual.

O clima de vinda pra São Paulo, foi bom e ruim.


Eu estava feliz por vir e revoltadíssima por ter que estudar num colégio estadual. Era vergonhoso! Como todas minhas amigas estudavam em Arquideocesano, Madre Cabrini, Oemar, Radial e eu iria estudar numa escola do estado? Eu sentia aquilo como uma castigo do meu pai, que ele me odiava tanto que tirou toda minha chance de entrar numa boa faculdade, o meu ídolo tinha virado um monstro. Será que meu irmão que sempre teve "problemas avulsos"estava certo da sua rebeldia? Naquele momento, eu achava que eu não deveria ser mais uma boa filha, que ninguém nunca reconheceu mesmo todos meus valores, então eu vou pra uma escola do estado né? beleza...então aguarde, minha vingança será maligna!


Eu entrei no E. E. Rui Bloem com o nariz na lua, entrei mesmo como "patricinha revoltada" eu ja tinha perdido um bom peso nessa fase que tinha conquistado em Taubaté, mas ainda nao tinha emagrecido tanto assim. Nessa fase, comecei a pintar o cabelo de acaju, fazia escova no cabelo todos os dias, ía super maquiada pra escola, tirava sobrancelha e bigodinho, eu era bonita modéstia a parte. Quando entrei na escola, nao tinha uniforme, eu ía sempre de calça jeans e uma baby look básica, eu nao tinha muitas roupas ah e o melhor, podia ir de chinelinho pra escola, eu tinha um chinelinho da Adiddas super esquisito, mas naquela época era símbolo de status, eu tinha um chinelo da adiddas baby, quem ali tinha? Eu entrei na escola sem humildade nenhuma, sem necessidade de amigos, eu era mais eu. Isso chamou atenção. E adivinha onde eu fui parar? No grupinho das populares da escola, sim eu fazia parte de um grupinho que todas as meninas eram bonitas e todos os meninos queriam. Minha reputação era outra.


Eu comecei a emagrecer bastante porque eu ía a pé pra escola, era longe viu, no começo eu ía de ônibus, mas depois que comecei a ver que todo mundo ía a pé, eu também comecei a ir...mas nos dias de muito sol eu ía de ônibus mesmo rs. Ir pra escola a pé, era uma espécie de desfile, quem não gosta de ouvir "Nossa, que bonita", "Oi morena", eu com 15 anos e me sentindo a fodástica haha e além de tudo metida! Filhão, a boba e tímida tinha morrido. 


Logo no início das aulas, um dos meninos mais desejáveis da escola quis ficar comigo, era uma tal de Ronaldinho que era mais velho e nem da minha sala e série era. Confesso, minha alma tímida tremeu, ah e eu não quis ficar com ele rs. Por dentro eu pensava "Meu, eu nunca fiquei com ninguém de escola, nunca ninguém me quis, que vergonha, q medo!" mas a imagem que eu passei pras minhas amigas "Ai gente, que feio, ele é super bombado em cima e tem pernas de gambito"ai como era legal! Era legal ver que MENINOS conversavam comigo, na minha escola particular os meninos só falavam comigo pra pedir meu caderno emprestado, lá não, os que vinham falar comigo, queriam ficar comigo...foi tudo muito, muito estranho.


Lembro que no início da aulas, fiz amizade com a Carol...ela era linda, tinha o cabelo liso até a cintura, magra, olhos azuis super claros e era suuuper gente boa. Posso dizer que ela me mostrou a vida real, ela fumava, era forrozeira, ía pras baladas, já tinha tido vários namorados, não era mais virgem e bebia. Nossa como eu pagava pau pra ela! Logo no início das aulas, dois meninos da sala falaram "Vamos matar aula e ir pro bar?" A Carol topou na hora, eu fiquei com medo mas topei. Fomos num boteco em frente a escola, os meninos compraram uma garrafa de vodka e proporam uma brincadeira de fazer rodinha de quem errasse tal frase tinha que beber uma dose da bebida. Nossa, eu tava tensa! Enquanto eles faziam questão de errar as frases só pra beber pinga, eu fazia questão de acertar pois nunca tinha bebido de dia, durante a aula e com homens na minha vida. No final da brincadeira o Cadú quis ficar comigo e o Bob com a Carol, até hoje nao sei se ela ficou com ele, mas eu não fiquei com o Cadú.




Eu me adaptei super bem na escola, deixei um pouco minhas amigas de infância de lado e mergulhei de cabeça nesse mundo diferente, na minha escola tinha um escadão que as pessoas fumavam todos os tipo de cigarro, eu sempre ODIEI cigarro, mas ficava com o pessoal no escadão pra ficar no meio da "galera legal", aprendi a dançar forró, mudei meu estilo de roupa, joguei meu chinelinho da adiddas fora, comprei botinhas de surf e rasteiras da Lui Lui, ia pra escola de calça dobrada e trança, comecei a beber, experimentei cigarro, experimentei bebidas, vi nego ter convulsão na aula de educação física porque tinha usado droga pesada no intervalo...eu era outra.


Chegou uma fase, que eu fui notando que aquela escolha, era rebeldia. Que eu não era mais eu, que eu estava errada, começou uma espécie de competição entre minhas amigas, comecei a me sentir excluída um pouco do meio delas, elas combinavam baladas no final de semana que eu nao podia participar pois meus pais não deixavam, enfim, eu fui me afastando. No meio do ano, arrumei um namoradinho na escola, era meu primeiro namorado. O grupinho dele, era de NERD e foi engraçado como eu me identifiquei rs! Mudei de turma totalmente, da galera descolado comecei a fazer grupo com os certinhos e estudiosos. Lá conheci o Daniel que virou um grande amigo meu, era um menino super correto e eu que tinha estudado a vida toda em escola particular me sentia burra perto dele que sempre havia estudado em colégio do estado. Parei de matar aulas, comecei a prestar atenção na aula, fazia trabalhos, nesse grupo ninguem bebia ou fumava. Fiz mais amizade com os meninos, as meninas nerds eram chaaaatas rsrs.


Nessa fase meu pai melhorou financeiramente e começou a pagar academia pra mim, entrei na Exitos, malhava muiiiito, era uma diversão! Lá fiz grandes amizades tambem, era rata de academia e cheguei no auge da minha forma física, eu tava GOSTOSONA baby e podia comer qualquer gordice que nada mudava meu corpinho escultural haha. Oh fase boa! Engraçado como quando a gente se sente bem com a gente mesmo, como tudo flui...as coisas conspiram todas a nosso favor...os olhares, amizades, novidades...até o telefone toca mais.


Terminei o colegial lá na escola estadual, no terceiro ano tive outro namoradinho, outras boas amizades   e assim esse meu ciclo de escola terminou. Eu ainda tinha um lado rebelde, pois meu pai queria que queria que eu entrasse numa USP, mas hoje eu digo e repito o mesmo que aquela época...com o ensino da escola estadual, não dá...ou melhor, não dava pra mim, me recusei a fazer cursinho, aliás eu nunca gostei muito de estudar, sempre estudei pra tirar a média nas matérias que eu não gostava e ía bem nas matérias que eu me identificava, tipo Inglês, Educação Física e só rs...na verdade, nunca me senti capaz de entrar em uma USP, isso decepcionava um pouco meu pai...consequentemente eu também me culpava por isso.


Bom, bora falar das baladas? Outro post. Beijos!





























Taubatédio

Lembro-me como se fosse hoje...a felicidade do meu pai quando disse que mudaríamos pra Taubaté. Eu estava com 14 anos e meu irmão com 18. Eu estava no auge das minhas amizades, na escola e no prédio, saía todos os finais de semana, era pura diversão e aquela notícia foi bem bombástica, pra todo mundo da família. Meu pai estava muito feliz, pois nessa época ele trabalhava em Ubatuba a semana inteira e só ia pra casa de finais de semana, ele sofria muito de ficar a semana todo sozinho e essa oportunidade de emprego foi a chance dele ter a família dele de volta, numa cidade do interior cheia de qualidade de vida...mas nao foi bem assim. Deixo contar um pouquinho como foi desde o começo.


A vida inteira estudei num colégio particular super forte que a média era 5, e como era difícil tirar 5! Nossa...a gente se matava, tinha calafrios noturnos 1 semana antes das provas começarem, era treinamento militar, enfim, minha escola dava muito medo e ansiedade em nós pobres aluninhos. Quando meu pai anunciou que mudaríamos de cidade, foi em meados de maio...eu já era uma pessoa bem mais magra nessa época, nunca vou esquecer do meu professor de matemática que era um carrasco veio me elogiar em particular pela conquista de ter emagrecido tanto. Eu usava calça jeans, tinha meu cabelo escovado sempre, estava bem mais ajeitada fisicamente. Mas como estudei sempre na mesma escola, desde os 3 anos de idade, minha reputação por lá, não alterou. Eu continuava tímida, boba mas sempre com minhas mesmas amigas e não cheguei a despertar nenhum interesse de menininhos, pelo menos, nunca ninguém se declarou pra mim rs.


Mudamos pra Taubaté em Julho, apenas eu e meu pai, ficamos morando num hotel o mês de Julho inteiro...nossa como era duro dividir o quarto do hotel com meu pai, ele roncava demaiiiis, rs. Duro também nao ter tanta liberdade, mas eu e meu pai sempre nos dávamos muito bem, principalmente na nossa função preferida até hoje que é de COMER rs.


Taubaté é cheio de cantinas deliciosas, pizzarias, lanchonetes e como morávamos num hotel, meu café da manhã era sempre muito doce de leite com queijo, pães diversos, nossa deu água na boca de lembrar!


Todo dia eu e meu pai íamos procurar casas pra alugar e de quebra jantávamos em uma pizzaria que tinha no centro da cidade que meu Jesuis Amadinho, que pizza de rúcula era aquela!!! Ali perto de Quiririm, tinha um restaurante no meio de uma fazenda, lembro que eu comia um prato de macarrão com bacon e uma deliciosa Limonada Suíça com moooito leite condensado. Enfim, eu nao tinha amizades ainda, lá não tinha nada para eu e meu pai fazer alguma coisas juntos ao invés de ficar enfurnado no hotel, nós desbravamos a culinária local mesmo...lembra daquela costela na pedra quente pai? Hmmmmm delicious!


Chegou Agosto, alugamos uma casa num dos melhores bairro de Taubaté, eu estava feliz pois ía fazer novas amizades e eu ía entrar numa nova escola, era uma ótima oportunidade pra eu mudar minha reputação NERD que eu tinha na escola de São Paulo. Toda minha infelicidade começou quando meus pais (sim todos ja haviam mudado pra lá) foram numa escola que era a melhor da cidade tal, e no meio da apresentação do colégio, a moça da secretaria disse que a média escolar era 7. Meu mundo desabou, eu tinha 5 e 6,5 de quase todas as matérias do meu boletim de São Paulo e a secretária me disse da seguinte forma "Não vamos alterar sua nota, você terá que recuperar sua nota para ter que passar de ano, nossa média é 7 e não vamos transformar seu 5 num 7...voce terá que se dedicar mais e recuperar nota, talvez pegar algumas recuperações." O queeeee???? Não! Não quero estudar nessa escola!!! Logo me informei pela internet e vi que na cidade tinha um Objetivo que a média era 5...briguei com meus pais, lutei dizendo que queria estudar nessa outra escola, mas minha tentativa toda foi em vão...a média é 7? O problema é seu...enfim, eles me matricularam e todo o inferno começou.


As aulas começaram, e nesse meio tempo meu corpo todo já havia engordado. O uniforme me deixava um balão. Eu ja comecei a sofrer muito de auto estima, no primeiro dia de aula eu me senti um ET, todos me perguntavam por que eu teria saído da Capital e tinha mudado pra Taubatédio. Sim, esse termo que os próprios nativos usavam e a partir daquele momento, já comecei a pegar um ódio sem tamanho daquela cidade.


Descobri que eu tinha que fazer adaptação de Filosofia pois eu não tive na escola de SP, peguei livros e mais livros e ocupava minhas tarde fazendo um trabalho enorme pra ter pelo menos a média pra dar início nas provas daquele bimestre. Não conseguia gostar de ninguém ali, tinha uma menina apenas que  eu achava super legal, mas ela sentava do outro lado da sala, mas ela parecia ser a única a perceber que eu estava precisando de alguém e fazia questão sempre de conversar comigo no intervalo ou quando eu chegava cedo e ela estava lá. Ela se chamava Marieta, ela era do grupinho das mais populares da escola, então ela só falava comigo quando estava sozinha, quando a panelinha dela chegava, eu voltava a ficar sozinha. Tive que entrar num grupo pra fazer trabalhos, nossa eu cái num grupo que as meninas eram chaaaatas, haja paciência...e nessa, fui entrando numa depressão sem tamanho, descobri que no meu bairro só tinha velhos, não tinha ninguém da minha idade pra fazer amizade, eu andava sozinha lá a tarde pra ver se via alguém e parecia que só tinha eu naquela cidade.


Em meio de todo esse meu sofrimento de auto estima (peso), amizades, escola...vi uma crise muito forte acontecendo em casa...meu irmão tinha 18 anos e namorava uma mulher quase casada aqui em São Paulo e um dia cheguei da escola super desanimada e estava um quebra pau, minha mãe chorando, meu pai surtado. Sim...meu irmão tinha ido embora de casa...ele pegou as roupas dele e veio sozinho pra São Paulo detalhe, sem casa pra morar. Se o clima ja tava ruim meu amigo, voce nao tem noçao do clima trash que ficou naquela casa depois do exôdo rural do meu irmão.


Os meses foram passando, meu peso foi aumentando e a solidão foi piorando. Meu pai, percebendo que eu não estava bem, pagava toda sexta feira uma passagem de ônibus pra eu vir pra São Paulo, eu vinha toda feliz e cheia de esperança. Meu irmão ficou morando num kitnet sujo, fedido, ali devia ter rato, barata. Nossa, um dia fui no quarto que ele morava, tudo sujo, ele nao sabia lavar louça nem roupa aquilo era um muquifo horroroso, eu tive dó dele...e pra piorar, descobri que ele estava fumando cigarro, ecati! Numa das vindas, tive uma festa de 15 anos de uma amiga do prédio, eu ía dançar valsa, tínhamos alugado vestido padronizado, mas aquele vestido, no dia de retirar, faltava 5 palmos pra fechar nas costas. Eu chorei, chorei muito...aliás, todo domingo, quando pegava ônibus na estação Tietê pra ir pra Taubaté, as 2 horas de viagem, eu ía chorando e planejando como eu me mataria rs. Sim, cheguei no fundo do poço.


Um belo dia, meu pai chegou e disse que tinha tirado o apartamento de São Paulo da imobiliária, que havia desistido de vende-lo. Que meu irmão ía morar lá pois não suportava mais ver o filho naquele muquifo, meu irmão chegou a ficar doente...foi tenso o baguio. Enfim, eu fui me adaptando a escola, fui fazendo amizades, lá a Educação Física era fora do horário de aula, eu tinha que ir de tarde pra escola sendo que eu estava de manhã, só pra fazer Educação Física, ah e era bem legal por que voce escolhia o esporte que queria fazer. Então toda quarta e sexta eu ía pra escola pra jogar vôlei, um dos meus esporte preferidos. Comecei a me adaptar, lembro que dava 6 da tarde eu e minha mãe assistíamos o Cravo e a Rosa, eu adorava aquela novela! Duas amigas minhas foram pra lá me visitar, fomos no Show do Capital Inicial (era turnê acústica e dei a mão pro Dinho! rs) fui recuperando minha auto estima e meu peso foi indo embora.


Meu aniversário de 15 anos em Taubatédio foi inesquecível. Estávamos todos no limite. Minha mãe com depressão por que não tinha meu irmão na asa dela, meu pai nervoso com ela e eu, ninguém parecia se importar muito e nem sabiam o que eu estava passando, mas culpa minha mesmo, nunca fui de conversar com meu pais e a história do meu irmão já era tão pesada que eu não queria "causar"mais. Masss, era meu aniversário de 15 anos e eu botei a boca no trombone...ahhh como chorei. Disse tudo o que estava sentindo, tudo mesmo e meu pai virou o BICHO, ele gritou comigo, eu fiquei chorando como um bebê naquela pizzaria (pra variar comendo rs) ele gritava, dizendo que já que eu queria voltar pra São Paulo, então voltaríamos, só que eu iria pra uma escola estadual, por que ele teria que pedir demissão do emprego, enfim ele ficou muito bravo. Todo o sonho dele foi por água abaixo, eu sentia que ninguém se importava comigo, mas ele, que sustentava a família, que dava o suor dele pra termos uma vida boa, de repente viu...os filhos dando as costas. Ele sofreu muito. E eu também. Foi o pior aniversário da minha vida.


Chegando em casa, peguei uma folha de caderno e fiz um esquema de calendário, meu pai disse que em Dezembro voltaríamos pra SP, então a cada dia que passava, eu fazia um risco no dia (com um traço), estilo bandido na prisão mesmo. No dia que meu pai viu aquilo colado na parede do meu quarto, você pode imaginar a fúria dele né? rs.


Em Dezembro, voltamos pra São Paulo.